Dia 1: Rio de Janeiro
- marianaoliveiracos2
- 2 de jan. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 18 de jan. de 2022
Ponto prévio: se viajar alguns dias com crianças já implica alguma logística, fazer uma viagem de 4 meses é juntar à logística um conjunto alargado de despedidas à família. Correria total e completa!

Deixar o nosso Xerife em casa foi das coisas que mais nos custou a todos.



Mais um novo desafio que surgiu foi tentar arranjar um táxi/Uber que aceitasse levar-nos ao aeroporto na noite de 31 de Dezembro. Por experiência própria já sabíamos que não seria tarefa fácil arranjar "no momento", pelo que tentámos agendar. Azar dos azares, táxis não fazem reservas no dia 31/12 e Uber só aceitam reservas até às 17h00. Como não podíamos arriscar, tivemos que ir pela solução menos óbvia que foi ir de carro, deixá-lo no parque "low cost" do aeroporto (5€/dia) e conseguir que alguém o fosse lá buscar depois.
Mais um desafio superado e no final ainda acabou por sair tudo mais barato do que um Uber!
Como estava tudo a correr muito bem e conforme o planeado até à nossa chegada ao aeroporto, foram óptimas notícias pedir explicação pelo frenesim que se passava no balcão de check-in e termos ouvido o seguinte: "Os vossos lugares estão em stand-by e agora só chegando à porta de embarque terão a certeza se podem ou não viajar".
Depois de tudo, nem queríamos acreditar que íamos morrer na praia. Malas feitas, casa embalada, os quatro enfiados às 22h00 de dia 31/12 no aeroporto e íamos ser recambiados para casa.
Falando com um sem fim de pessoas lá percebemos no final que esta situação, apesar de rara, pode acontecer e que seria praticamente certo que embarcaríamos. Como o "praticamente" foi o que ficou na nossa cabeça, lá fomos nós em sprint até à porta de embarque, que sendo um vôo para o Brasil é a última porta do aeroporto!
Chegados à porta de embarque, apresentámo-nos, explicámos a nossa situação e finalmente entregam-nos os nossos boarding passes com os lugares atribuídos. Pronto, agora é que já não havia mesmo volta a dar e finalmente a nossa viagem ia começar!


O excitamento era tanto que do lado dos miúdos dormir "tá quieto". Após as emocionantes "10 badalas" do piloto pelo speaker do avião, de uma salva de palmas de todos os passageiros e dos pedidos de desejos com um saco de gomas, lá fomos nós jantar. Tínhamos prometido há já várias semanas que nesse dia iríamos jantar McDonald's no aeroporto e suspeitamos que os miúdos tivessem um calendário escondido no quarto onde iam fazendo cruzinhas, porque diariamente nos recordavam que já faltava menos um dia para o famoso jantar. Esquecemo-nos de um detalhe: dia 31/12 o aeroporto de Lisboa, e possivelmente de qualquer parte do mundo, é um deserto às 22h30 e está tudo fechado!
Como a Mariana é possivelmente a pessoa que mais antecipa situações, quer elas ocorram ou não, tínhamos levado jantar e felizmente o Martim e a Vera conseguiram comer sem ter que esperar pela 1h00 (hora que seviram o jantar no avião). Por volta da 1h30 os "Martims" adormeceram enquanto que a Vera continuava a saltar alegremente como se fossem 11h00 da manhã. Lá conseguimos dormitar os 4, embora os adultos com mais dificuldade fruto da muita turbulência durante a viagem e de sermos uns pais galinhas para ver sempre se os miúdos estavam bem.
Finalmente ouvimos aquelas palavras mágicas: "Senhores passageiros, sejam bem-vindos ao Rio de Janeiro. Acabámos de aterrar no aeroporto Galeão. Pedimos o favor de permanecerem sentados, bla, bla, bla, bla, bla,...". Já só queríamos sair do avião, apanhar as malas e mostrarmos esta cidade que tanto nos diz aos nossos filhos.
Quisemos começar esta nossa viagem pelo Rio de Janeiro por ser uma extensão de casa. É garantidamente a cidade que mais vezes visitámos (seguramente mais de 15 vezes cada um de nós) e que inclusive o Martim já morou, por isso quisemos mostrar aos nossos filhos o que tem de tão especial e o que representa para nós. Mal se aterra e se sai à rua a energia que se sente é inexplicável. Não existe lugar nenhum no mundo com este astral. Tem qualquer coisa de mágico e que nos faz querer voltar ano após ano, viagem após viagem.

Mesmo com um tempo meio cinzento como aquele que estava às 6h30 quando aterrámos, conseguimos começar logo a passar um pouco do nosso amor pelo Rio de Janeiro aos miúdos.
Chegados ao hotel, foi hora de tomar o pequeno almoço e de tentarmos perceber se cometíamos o erro de fazermos todos uma sesta ou se desfazíamos as malas, tomávamos um banho e partíamos à aventura. Felizmente optámos pela segunda hipótese e por volta do 12h00 estávamos a arrancar para o Leblon. A manhã do dia 1 de Janeiro, no Rio de Janeiro, é talvez o dia mais parecido com a noite de 31 de Dezembro no Aeroporto de Lisboa: deserto e tudo fechado! Mesmo com covid e restrições, as festas foram seguramente até às tantas, o que fez com que a cidade demorasse a acordar.
Depois de darmos de caras com o também fechado BB Lanche, fomos para Ipanema almoçar com uma amiga carioca da Mariana. Almoçámos lindamente no Posì Mozza & Mare. Um italiano que não conhecíamos, mas que tem comida óptima e com alguns "toques" diferentes dos habituais.

Já batiam as 14h30 e com a Vera podre, decidimos enfiá-la no carrinho para o Martim ir dar uma volta com ela para tentar fazer a sesta. Nem 100m tinham galgado e já a Vera dormia ferrada. Depois de já estarmos todos de barriga cheia e a Vera a dormir, o tempo parecia estar a abrir e tínhamos que ir dar o primeiro mergulho do ano.
O tempo não só não estava a abrir, como de repente ficou um calor abrasador enquanto caminhávamos pelo calçadão para irmos novamente até ao Leblon, local onde a Marcela (amiga da Mariana) mora e íamos dar o mergulho.

Pelo caminho, entre estrada cheia como de costume de pessoas e cães, deparámos-nos com uma situação pouco vulgar: um homem que passeava uma ovelha! Essa ovelha de pouco mais de 1 ano fazia as delícias do calçadão e como não podia deixar de ser dos nossos filhos também. Martim em particular delirou e quis logo tirar fotografias.

Passado este encontro inusitado, continuámos a caminhar debaixo de um sol tórrido para finalmente chegarmos ao posto 11 e darmos o merecido mergulho. Entre mergulhos, biscoitos Globo e milho quente, as 2h de praia passaram a correr e já era hora de recolhermos ao hotel para tomar um banho e irmos jantar.




O dia já ia longo e os sinais de cansaço de todos já começavam a ser evidentes. Como a nossa promessa de jantar de dia 31/12 saiu furada, tivemos que dizer "não há problema, quando aterramos vamos ao McDonald's". A Vera desde as 7h30 que pedia para ir ao McDonald's e nem percebia quando lhe explicávamos que essa era hora de tomar o pequeno almoço e não almoçar ou jantar. O Martim, mais paciente, estava disposto a aguardar pela hora do almoço. Com a habilidade que caracteriza os pais em geral, conseguimos acabar a jantar no McDonald's de Copacabana. Com 24h de atraso, é certo, mas missão cumprida, miúdos radiantes e isso é o que nos deixa realizados e prontos para ir dormir de coração cheio.
Agora é hora de ir dormir que parece que estamos acordados há 3 dias e amanhã há mais, na esperança que o tempo esteja bom para irmos aproveitar uma praia como deve ser.




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